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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Prazer de Viver




Adormecer do sol diário.
Pontilham luzes no horizonte longínquo.
Os sons imperativos do cotidiano dão lugar 
aos murmúrios da natureza.
A tensão nervosa das emoções dá lugar 
a uma suave sensualidade.
O calor incômodo do transcorrer do dia
dá lugar à brisa fria
que cria mornidão agradável.
O ar mais rarefeito
adentra com maior facilidade 
os pulmões, alimentando o coração.
Uma satisfação, a principio oculta, 
quer vir à tona, quer desabrochar em vida.
Sentimentos divididos se organizam
num seguro vivenciar sensorial.
Corpo e espirito parecem estar tão próximos...
 Aconchego da alma no casulo corporal.
As sobras do crepúsculo tingem
de um sombrear dourado toda a paisagem.
Abandona-se à individualidade para se perder
numa confortável impessoalidade.
Finge perder-se de si, mas é posseiro
da própria integridade.
Sente afinidade com o universo sem ser
seu dono ou ter sua posse. 
Estranha liberdade.
Identifica-se com os sonhadores
que se hospedam nas suas torres de marfim.
Nuvens rarefeitas dão um tom pessoal
à crepuscular pintura celeste.
O coração pulsa forte, parece dominado
por ingênua felicidade, por estar vivo.
O lado impalpável do ser se confraterniza
com sua face tangível.
Santificado suor denuncia a inquietação
das correntes sangüíneas, sente-se saudável.
A epiderme sente o afeto da harmonia do momento,
suaves caricias da natureza.
Os músculos preguiçosos
descansam sobre a estrutura óssea do corpo.
Abandona  toda memória
para viver exclusivamente o presente.
Despoja-se das responsabilidades
e das velhas culpas.
Torna-se leve, identifica-se com a pluma
a planar nas correntes de vento.
Cercado por silêncio particular
parece ouvir sonora voz
a contar-lhe íntimos segredos.
Nunca a intimidade, foi tão integral.
Desapareceram as dúvidas,
torna-se dono de certezas.
Nasce a noite, a principio
apenas espreita no horizonte,
para depois abrir o seu manto.
Tecidos de seda, de eterelidade sensual,
de sedutora transparência.
O prazer é saudável, é reconhecimento de vida.
Desejava tocar com os lábios as faces da noite.
Envolve-se pelo conjunto de tudo,
passa a fazer parte, integrar-se.
Mergulha em si mesmo, para descobrir o todo
que o cerca e está feliz por isto.
Gilberto Brandão Marcon
02/04/2010

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